terça-feira, 30 de outubro de 2012

[Gostámos] "O Beijo das Sombras", de Richelle Mead



Sinopse:
A Primavera chegou à Academia de São Vladimir, e Rose Hathaway está quase a graduar-se. Chegou também o momento em que Rose tem de lidar com os seus pensamentos cada vez mais sombrios, o seu comportamento errático, e pior que tudo, ela acha que anda a ver fantasmas... Tudo isto porque teve de matar os seus primeiros Strigoi.
E enquanto Rose põe em dúvida a sua própria sanidade mental, novas complicações se avizinham: Lissa recomeça as experiências com a sua magia, o seu inimigo Victor Dashkov pode ser posto em liberdade, e a relação proibida de Rose e Dimitri aquece mais uma vez. Mas quando uma ameaça mortal que ninguém podia prever transforma todo o seu mundo, Rose terá de arriscar a própria vida e escolher entre as duas pessoas que mais ama.

Opinião:

Mais um livro completamente devorado! Richelle Mead consegue envolver-me na história de uma maneira que as páginas acumulam-se do lado esquerdo a uma rapidez assustadora. Apesar deste livro até ter sido bastante morno, não tendo grandes acontecimentos até bem perto do final, conseguimos mais uma vez descobrir novos detalhes, histórias e acontecimentos que podem mudar todo o rumo desta empolgante saga.
Os estudantes damphir irão começar uma nova etapa da sua vida, num estágio de 6 semanas convivendo 24 horas por dia/6 dias por semana com o Moroi que lhes é atribuído. Apesar da certeza que ficará com Lissa, Rose é surpreendida ao ver-se a par com Christian sendo a sua amiga atribuída a Eddie.
Durante todo este tempo Rose é perturbada com visões estranha, começa a ver o fantasma de Mason e pensa que está a enlouquecer. Infelizmente a verdade é bem mais complexa!
Lissa continua a fazer experiência com o espírito ajudando e sendo ajudada por Adrian o que causa bastantes ciumes por parte de Christian. Adrian sendo sobrinho-neto da rainha Tatiana tem influência e poder politico contudo não parece muito interessado em fazer uso dela querendo descobrir mais sobre o espirito. As suas investidas sobre Rose são uma incógnita pois não conseguimos perceber se está realmente interessado nela ou se tudo não passa de um jogo para passar o tempo e arranjar mais uma conquista. A sua personagem cresce bastante neste livro tendo mais destaque principalmente quando consegue levar as nossas protagonistas, juntamente com Christian e Eddie, à Corte dos Moroi para assistirem e deporem no julgamento de Victor Dashkov. Contudo elas trazem de lá não só a certeza que ele ficará atrás das grades para sempre como muitas perguntas novas.
Devido aos acontecimentos mais recentes Rose vê-se obrigada a consulta uma terapeuta que a vai ajudando a compreender algumas questões que no fundo nunca se teria colocado. A personagem de Lissa confesso que começa a desapontar um pouco, uma vez que as duas raparigas são melhores amigas a sua ligação deveria ser mais que a ligação mental que funciona unilateralmente, e deveria ter-se apercebido que algo se passaria com Rose. Parece demasiado centrada no uso do espírito e no namoro com Christian, colocando inadvertidamente a amiga de lado. 
Como já disse até quase ao fim o livro é morno, tem pouca ação à exceção dos ataques surpresa dos guardiães e resposta dos noviços como parte do seu estágio. Contudo o fim é alucinante e surpreendente. Uma batalha épica de ficar na história de Moroi, guardiães e Strigoi, que faz morto, feridos e mais Strigoi. Um desfecho coberto de dor, lágrimas e determinação que irá levar Rose para longe da sua melhor amiga, afastando-se da sua graduação e da segurança (embora ténue) da academia.
Mais uma vez Richelle Mead foi construindo uma trama sólida e surpreendente, com um final inusitado e chocante deixando-nos ávidos por mais. A sua escrita rápida e fluída leva-nos a consumir as páginas rapidamente não deixando espaço para pormenores chatos ou descrições aborrecidas. Recomendo e espero ler brevemente Promessa de Sangue, a continuação.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

[Reportagem] "Ocultos Buracos", Lançamento da Colectânea [Pastelaria Estúdios Editora]

Visão geral do palco da cerimónia de Lançamento - Foto Pastelaria Estúdios (Facebook)

   No passado Sábado, dia 27 de Outubro, pelas 20.30, teve início na Sala Nietzche da Fábrica Braço de Prata em Lisboa, que se tornou pequena para acolher todo o público presente, o lançamento da Colectânea "Ocultos Buracos", com a chancela da Pastelaria Studios Editora.
  A colectânea reúne contos de vários autores Portugueses e do espaço Lusófono, e corresponde ao resultado final de uma iniciativa ousada da Pastelaria Studios - que lançou sob a forma de passatempo, um repto - escrever histórias horríveis ou impossíveis.
  Assim, após selecção, a iniciativa revelou-se um verdadeiro sucesso, sendo um hino ao escrever em Português, e reune as obras de vários escritores, dos mais experientes, até aos que vêem agora publicado o seu primeiro livro, o que constitui certamente um estímulo para continuar a escrever.
   Tendo por anfitriã Maria Teresa Queiróz, a cara e a voz da Pastelaria Estúdios, mas que representa o colectivo de toda uma equipa editorial que abraça um conceito inovador de edição, envolvendo a par e passo os autores em todo o processo de construção de uma obra literária, a cerimónia contou com elevada afluência de autores e respectivos familiares e amigos.
  Cada autor foi convidado, de improviso, a deixar aos presentes algumas palavras, e podemos dizer que todos se saíram muitissimo bem de tal tarefa surpresa.
  Houve momentos de imensa diversão, com um interessante video humorístico onde não estiveram ausentes críticas de natureza política e social, contendo testemunhos de autores recusados [figuras da classe política e do desporto] cujas vozes foram imitadas fielmente por João de Canto e Castro.






Da esquerda para a Direita, respectivamente Isabel Alexandra Almeida e Liliana Novais, do Blog Os Livros Nossos, que fizeram nesta noite também a sua estreia como autoras publicadas - Foto Pastelaria Studios (Facebook)



Um dos pontos altos da Noite foi ainda o esperado anúncio do conto vencedor da Colectânea, cujo prémio será a oferta pela Pastelaria Editora de todos os encargos inerentes à edição da primeira obra a solo. Foi a vencedora da noite a simpática Anabela Borges, uma autora de Amarante, já não uma estreante nas lides editoriais, sendo co-autora da colectânea "Conto por Conto" da Alfarroba Edições.

Anabela Borges deixando aos presentes umas breves palavras e visivelmente emocionada
Foto Pastelaria Estúdios (Facebook)

   Presentes no evento estiveram também os autores e co-jurados do concurso literário que deu origem a esta colectânea - Vasco Ricardo [Autor de A Trama da Estrela] e Clara Correia [Autora de O Segredo da Praia das Camarinhas]. O Júri era composto por Teresa Maria Queiroz, Clara Correia e Vasco Ricardo, e foi unânime em atribuir os três votos a Anabela Borges , que participou com o conto "A pergunta (fim de linha)".
Maria Teresa Queiróz - a Cara e a Voz da Pastelaria Estúdios Editora, a quem coube a responsabilidade de conduzir o evento - Foto Pedro Alexandre Carvalho/Blog Os Livros Nossos.


Em suma, estão de parabéns todos os autores e a editora Pastelaria Estúdios, pela iniciativa que, pela adesão e afluência de público presente no evento, vem mostrar que a literatura Portuguesa está bem viva, e apenas precisa de eventos deste género para ver a luz do dia, num país em crise financeira, a criatividade não está em crise.
Um noite memorável para todos os presentes e para aqueles que, separados espacialmente, deram o seu contributo.
Reportagem: Os Livros Nossos
Fotos: Pastelaria Estúdios (Facebook) e Pedro Alexandre Carvalho [Equipa Os Livros Nossos]
Texto: Isabel Alexandra Almeida / Directora do Blog Os Livros Nossos

domingo, 28 de outubro de 2012

[Ponto M.] "Desejo Subtil", de Lisa Kleypas

Desejo Subtil

Autora: Lisa Kleypas

Título: Desejo Subtil

Editor: 5 Sentidos [Uma chancela do Grupo Porto Editora]

Edição: 2012

Páginas: 336


Sinopse:

Desesperada, só pedia que ele não a tocasse, que mantivesse a promessa de não a seduzir. Porque, caso contrário… não estava nada certa de conseguir resistir.
Quatro jovens da sociedade elegante de Londres partilham um objetivo comum: usar os seus encantos femininos para arranjarem marido. E assim nasce um ousado esquema de sedução e conquista.
A delicada aristocrata Annabelle Peyton, determinada a salvar a família da desgraça, decide usar a sua beleza e inteligência para seduzir um nobre endinheirado. Mas o admirador mais intrigante e persistente de Annabelle – o plebeu arrogante e ambicioso Simon Hunt – deixa bem claro que tenciona arruinar-lhe os planos, iniciando-a nos mais escandalosos prazeres da carne.
Annabelle está decidida a resistir, mas a tarefa parece impossível perante uma sedução tão implacável… e o desejo descontrolado que desde logo a incendeia.
Por fim, numa noite escaldante de verão, Annabelle sucumbe aos beijos tentadores de Simon, descobrindo que, afinal, o amor é o jogo mais perigoso de todos.

Opinião por: Lady M./Blog Os Livros Nossos:

Depois de muito pesquisar e de ler as opiniões das meninas entendidas na matéria (vocês sabem quem são!) apercebi-me que Lisa Kleypas é uma das grandes autoras do romance histórico, figurada em inúmeras listas com os melhores romances de sempre dentro deste género.
Leitora ávida deste tipo de livros e muito agradada com a aposta da Porto Editora nesta autora, decidi que tinha mesmo de ler o livro Desejo Subtil primeiro livro da muito famosa série Wallflowers (em português “À flor da pele”, que não tem nada a ver com o título inglês). Confesso que comparado com o original “Secrets of a summer night” o título em português é um bocado mau, e agora já tendo lido o livro ainda sublinho mais a má escolha do título.
Penso que o objectivo seja dar a entender que estes livros são eróticos, quando na verdade não o são. São romances históricos, ponto. Claro que como em qualquer bom romance histórico, as cenas sensuais abundam, mas ainda vai uma grande distância até esta série ser considerada romance erótico.

As expectativas eram altas, admito. Depois de ter lido algumas opiniões e com base nos ratings do Goodreads (a maioria entre o 4 e o 5) pensei que este livro fosse um romance arrebatador de deixar qualquer leitora a suspirar por mais. Fiquei um pouco triste pois a leitura acabou por se revelar satisfatória mas nada por aí além. *sad face*

Neste livro temos a história de Annabelle Peyton, a mais velha das Wallflowers e consequentemente a mais desesperada para casar. Estando quase no limite da idade ideal para casar, Annabelle juntamente com as outras três senhoras tiveram uma temporada social de arrasar: em todos os bailes e festas foram constantemente ignoradas pelos cavalheiros.

Conscientes da sua poupa sorte mas sabendo que se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé, as quatro amigas elaboram um plano de acção: Unir esforços e encontrar um homem para cada uma! Adorei esta parte! girl power!

Como tal a primeira vítima deste plano é Annabelle, moça doce e romântica, sofre por a família não ter muitas posses após a morte do pai, e mesmo querendo encontrar um marido rico, lá no fundo o que deseja mesmo é alguém que a ame verdadeiramente.

Embora tenham escolhido um alvo, como qualquer plano perfeito, há sempre algo que não corre bem, e o que Annabelle não contava era com Simon Hunt, um homem demasiado convencido para seu gosto. Este desagrado por Simon, aumenta ainda mais quando este rouba um beijo que deixa a jovem sem resposta e acende a centelha de amor apagada há muito tempo.

Quando ao romance em si, não foi dos mais que gostei, apenas porque não senti grande química e paixão entre a Annabelle e o Simon. Na minha opinião, a relação entre os dois foi muito precipitada e precisava de mais história e de momentos mais românticos. Achei que, para quem não queria de todo casar com Simon, a protagonista rendeu-se completamente e aceitou muito facilmente a proposta de casamento deste. Felizmente este casamento de fachada transformou-se numa história não só de amor, como também de amizade e companheirismo

Em termos de contexto histórico, este encontra-se bem desenvolvido, e contrariamente a tantos romances deste tipo que acabam por focarem-se mais no romance, apagando um pouco a História, a autora soube enquadrar bem certos momentos e consequências da Revolução Industrial. Por exemplo, a emergência da aristocracia que fez com que uma nova e próspera classe social de pessoas dedicadas ao comércio, como o caso de Simon (filho de um talhante) chegassem a um nível de conforto da sociedade. Gostei muito destes detalhes e é sem dúvida um ponto importante neste livro.

Em conclusão, Desejo Subtil revelou-se um bom livro de entretenimento, um romance leve com uma camada suave de erotismo, que se lê rapidamente e que nos faz ansiar pelo próximo.
Entretanto encontro-me a ler o segundo livro da série e a opinião está para breve!

Até para a semana,
Lady M. 






sábado, 27 de outubro de 2012

[Secção Criminal] Duplo crime, de Tess Gerritsen



Autor: Tess Gerritsen

Género: Policial

Título: "Duplo crime"

Editora: Círculo de Leitores

Páginas: 318


Sinopse:

Ao longo da sua carreira como médica-legista, a doutora Maura Isles já fez muitas autópsias, mas nunca imaginou que um dia o cadáver que veria na marquesa seria exatamente igual a si, a sua dupla perfeita. Um exame de ADN confirma o facto espantoso a Maura, que é filha única: a sósia misteriosa é, com efeito, sua irmã gémea. Ao investigar o homicídio, a detetive Jane Rizzoli irá levar Maura numa perturbadora excursão a um passado recheado de segredos tenebrosos e macabros. Maura quer saber mais sobre a família que nunca conheceu, sobre a mãe que a abandonou, a si e à sua irmã, para descobrir quem realmente é… mas estará preparada para a verdade?

De ascendência chinesa, Tess Gerritsen cresceu nos EUA e formou-se em Medicina na Universidade da Califórnia. Após o nascimento dos filhos, começou a escrever ficção, e em 1987 publicou o seu primeiro romance. Em 1996 publicou o seu primeiro thriller médico, Harvest, a que se seguiu este O Cirurgião e O Aprendiz, entre outros, protagonizados pela detective Jane Rizzoli. Com o sucesso alcançado, a autora desistiu da carreira em Medicina e dedicou-se à escrita a tempo inteiro. A sua obra está traduzida em mais de 30 línguas e já vendeu mais de 20 milhões de exemplares em todo o mundo.
Crítica/Opinião por: Cátia Correia/ Os Livros Nossos

Há uns anos atrás li Tess Gerritsen em O cirurgião, e na altura não gostei, achei um livro demasiado forte e minuciosamente violento, provavelmente porque era mais nova e sensível. Recentemente voltei a pegar nos livros da escritora, e tenho gostado surpreendentemente de todos, este foi mais um, Duplo Crime.
Comparo e muito, o teu tipo de escrita, personagens, histórias pessoais, a Patrícia Cornwell, onde também a heroína é uma médica legista de sucesso – Maura Isles, solitária e com problemas amorosos, mas aqui em vez de fazer dupla comum com um detetive masculino como de costume, faz dupla com Jane Rizzoli, detetive bem feminina, perspicaz e divertida.
E neste thrilher somos levados em mais uma viagem na descoberta do seu passado, Maura é supostamente filha única, embora não conheça os seus verdadeiros pais, foi adotada desde recém nascida, e sempre assim se julgou. Até ao dia em que regressa a sua casa de uma viagem e se depara com um aparato policial à sua porta, todos a julgavam morta dentro de um carro parado em frente à sua casa, mas eis espanto quando Maura chega e percebem que não é ela, e se encontra bem viva e com boa saúde.
Aí instala-se o mistério, quem é esta mulher?? É alguém que tem uma identidade nova desde há 6 meses, pois antes parecia não existir.
Será sua irmã? Sua gémea? Graças a testes de Adn depressa descobre a verdade, e verdade essa que a leva numa viagem ao passado, descobrindo a sua verdadeira e cruel história, descobrindo uma mãe completamente diabólica e uma família destruturada e desequilibrada, ao mesmo tempo que se deparam com um estranho facto de grávidas desaparecidas e ossos perdidos descobertos no mato.
É Rizzoli, grávida de 8 meses, com a sua sagacidade habitual que nos ajuda a descobrir e unir as peças deste puzzle.
Mais não posso contar, senão o livro perde piada, mas digo-vos que vale muito a pena. Recomendo!!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

[Opinião] "Noites de Paixão", de Cheryl Holt [Quinta Essência]

 
Autora: Cheryl Holt
 
Título: "Noites de Paixão"
 
Título Original: "Further than Passion"
 
Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]
 
3ª Edição: Outubro de 2011
 
Páginas: 295
 
Sinopse:

   Kate Duncan concorda em ajudar a prima a conquistar um marido até que percebe que a jovem deseja usar uma suposta poção de amor para seduzir Marcus Pelham. Para provar que o elixir não passa de uma bebida sem qualquer efeito mágico, Kate bebe-o e vive o momento mais sensual da sua vida ao apanhar Marcus em plena sessão amorosa com outra mulher.
Mais do que simples desejo...
Mais do que uma mera tentação...
Um relato de amor, traição e prazer sem limites

Crítica/opinião por: Isabel Alexandra Almeida/Os Livros Nossos:
 
  "Noites de Paixão", de Cheryl Holt, é um romance histórico sensual, cuja acção decorre na Cidade de Londres, em 1813, levando-nos aos salões de festas e às alcovas da alta sociedade Britânica.

   As personagens centrais desta narrativa são: Kate Duncan [uma aristocrata que caiu em desgraça devido a segredos escandalosos de família e que vive agora como dama de companhia e tutora da sua prima afastada Lady Melanie Lewis] e Marcus Pelham, Conde de Stamford, arrogante, sedutor inveterado, arrogante e carregando secretamente algumas mágoas do passado que levam a que se entregue aos prazeres da carne, sem que se consiga envolver emocionalmente...até ao momento em que uma misteriosa poção de amor o faz ser surpreendido por Kate, que o observa em pleno acto sexual com Lady Pamela [ a madrasta viuva de Marcus, pela qual este fora em tempos completamente apaixonado, mas que o viria a trocar pelo pai].

  Outras personagens com bastante relevo na acção, embora não merecedoras de tanto destaque quanto Kate e Marcus [o principal par amoroso da trama] são a imatura, maldosa e snob Lady Melanie Lewis, filha da pérfida matrona Regina Lewis, que controla os filhos com mãos de ferro, hostiliza e humilha Kate, a quem  trata como uma simples criada, embora esta seja filha do falecido Conde de Doncaster e prima afastada do seu falecido marido]. Christopher Lewis, herdou o título nobiliárquico do falecido pai de Kate, sendo o único verdadeiro amigo da jovem. Lady Pamela é a sensual e perversa madrasta de Marcus, uma caçadora de fortunas que vive a expensas do enteado, em busca de um novo marido que lhe permita manter o elevado nível de vida que mantém na alta sociedade de Londres, e ansiando casar o Enteado com Lady Melanie Lewis, por interesses meramente materiais.

   O romance apresenta uma estrutura bastante elaborada, numa construção bastante harmoniosa de um complexo enredo, que vai mantendo o leitor preso às páginas do livro, em constante suspense, vão sendo revelados segredos escondidos, e existem reviravoltas surpreendentes na parte final da obra, toda ela imbuída de evidente dinamismo narrativo.

   A linguagem é bastante acessível e dotada de fluidez e elegância, conseguindo transmitir o mundo interno das personagens, os seus estados de alma, e naturalmente empatizamos com os bons e antipatizamos com os maus, muito pela forma como Cheryl nos vai descrevendo pensamentos e atitudes.

  Marcus e Kate vivem um tórrido romance, encontrando-se secretamente durante a noite, e a jovem e inocente Kate descobre em si instintos básicos que desconhecia possuir, e que a deixam paradoxalmente dividida entre o prazer que começa a descobrir e a culpa que advém do código moral bastante estrito em relação à condição feminina, na época em que decorre a acção [Século XIX]. O romance apresenta em perfeito equilíbrio cenas com forte carga sexual, mas descritas de forma bastante elegante e que não choca, embora seja claramente um romance para adultos,  mas às peripécias amorosas das várias personagensnão são alheios uns toques de magia [uma poção do amor que Kate e outras personagens irão beber no decurso da história, e que constitui um detalhe bastante original que dá à história momentos de mistério e até de alguma comicidade], romantismo e amor.

   Sairá Kate ilesa emocionalmente do relacionamento com Marcus? Irão ambos encontrar o caminho para o futuro juntos ou em separado? As vilãs Pamela e Regina levarão a bom porto os seus intentos maquiavélicos?  e os jovens irmãos Melanie e Christopher conseguirão com sucesso libertar-se da tirania materna?

  "Noite de Paixão" transporta-nos para saudáveis momentos de diversão, ficamos totalmente presos pela magia da poção de amor que arrasta as personagens para o seu destino, e que as leva a viver momentos verdadeiramente escaldantes. Esta poção de amor contém ingredientes como mistério, magia, sensualidade ao rubro. Instale-se no seu local preferido, pegue neste livro e deixe-se levar pelos caminhos da sedução!

 



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

[Gostámos] "Beijo Gelado", de Richelle Mead



Autora: Richelle Mead
Edição/reimpressão: 2010
Páginas: 256
Editor: Contraponto
Sinopse
Lissa Dragomir é uma princesa Moroi - um vampiro mortal com um laço inquebrável com a magia da Terra - e deve ser protegida dos Strigoi, os vampiros mais perigosos - os que nunca morrem. Rose Hathaway, a melhor amiga de Lissa, é uma Dhampir - nas suas veias corre uma mistura de sangue de ser humano e de vampiro. Rose tem como missão proteger Lissa dos Strigoi, que tentam por todos os meios tornar Lissa uma deles. Após dois anos de uma liberdade proibida, Rose e Lissa são apanhadas e arrastadas de volta à Academia São Vladimir, escondida nas profundezas da floresta de Montana. Aí, Rose deverá continuar a sua educação de Dhampir, enquanto Lissa será educada para se tornar a rainha da elite Moroi. E ambas voltam a quebrar corações na Academia. No entanto, é dentro dos portões de ferro de São Vladimir que a segurança de Lissa e Rose está mais ameaçada. Rose e Lissa vêem-se forçadas a deslizar por este perigoso mundo, resistindo à tentação de romances proibidos e nunca baixando a guarda, ou os Strigoi farão de Lissa um deles para a eternidade...
Opinião:
 
    Neste segundo livro da Academia de Vampiros vemos um amadurecimento das personagens. Rose vai fazer um exame que deveria ter feito no ano anterior mas que perdeu devido à sua fuga, vai com Dimitri à casa de uma família Moroi ser testada pelo mentor deste e acabam por se ver perante um cenário de morte e destruição. Devido ao ataque planeado e perpetrado por Strigoi e humanos os Moroi e Dhampir sentem que não há segurança e levam os alunos da Academia a passar as férias de Natal a uma estância de sky onde se encontram com pais e outros Moroi que consideram que a união faz a força.
    Marcado por vários acontecimentos que dão uma dinâmica rápida ao livro, Beijo Gelado tem um desenvolvimento acelerado e cheio de ação que nos prende e faz querer saber o que vem na página seguinte. Rose recebe aqui as suas primeiras marcas que em vez de deixarem-na orgulhosa, quase lhe despedaça o coração, contudo a sua força, determinação e crescimento está bem presente em todo o livro. É a personagem que se desenvolve mais ao longo de todo o livro, a que cresce mais depressa. Há aqui uma injeção de novas personagens que darão outra dinâmica a toda a história e que nos faz compreender melhor várias questões que ficaram por responder, principalmente em relação à nossa Dhampir. A personalidade de Rose faz dela uma das melhores personagens femininas que já li. Lissa também vai amadurecer e descobrir coisas sobre o poder que domina que lhe dará mais segurança e sede de saber. O namoro com Christian é cada vez mais forte o que também ajuda a dar-lhe mais confiança em si mesma e mostrar aos adultos que sabe representar os Dragomir.
    Ao chegarmos ao fim só desejamos pegar no próximo volume de tão envolvente que esta história se torna. Mais um dentro do género que se destaca pela diferença, recomendo.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

[Opinião] "O Grande Amor da Minha Vida", de Paullina Simmons [ASA]



O Grande Amor da Minha Vida - O Cavaleiro de Bronze (Tatiana and Alexander #1)


Autora: Paullina Simons

Título: "O Grande Amor da Minha Vida" [O Cavaleiro de Bronze #1]

Editora: ASA [Grupo LeYa]

Edição: Outubro de 2012

Páginas: 688

Sinopse:
Tatiana vive com a família em Leninegrado. A Rússia foi flagelada pela revolução, mas a cidade mais cosmopolita do país guarda ainda memórias do glamour do passado. Bela e vibrante, Tatiana não deixa que o dramatismo que a rodeia a impeça de sonhar com um futuro melhor. Mas este será o pior e o melhor dia da sua vida. O dia assombroso em que conhece aquele que será o seu grande e único amor. Ameaçados pela implacável máquina de guerra nazi e pelo desumano regime soviético, Tatiana e Alexander são arremessados para o vórtice da História, naquele que será o ponto de viragem do século XX e que moldará o mundo moderno.

Opinião:
Um triângulo amoroso no meio da Segunda Guerra Mundial. É a isto que se resume o livro “O Grande Amor da Minha Vida – O Cavaleiro de Bronze”, 1º livro da trilogia Tatiana e Alexander da autora russa Paullina Simons. Mas isto é apenas uma síntese do que as 700 páginas deste livro me transmitiram ao longo de duas semanas de leitura.

O livro tem como pano de fundo a Rússia dos anos 40, quando é invadida pelos alemães a mando de Hitler. Nesta Rússia ameaçada pelos nazis, conhecemos na cidade de Leninegrado, Tatiana de 17 anos, muito madura e consciente da situação que o seu país atravessa mas esperançosa no seu futuro. Devido à sua gula por gelados, conhece Alexander, um soldado do Exército Vermelho. They fall in love. E é este amor que nos irá prender, emocionar, fazer rir e chorar durante todo o livro.

Eu não vou contar a história, pois a magia deste livro é mesmo ler (ou devorar) todas as frases, todas as palavras e sentir a magia, a alegria, a mágoa, o drama, o sofrimento que este livro nos trás. A escrita da autora é viva, aquele tipo de escrita que nos transporta para acção, que nos leva para o interior das personagens. Damos por nós a sentir o que as personagens estão a sentir e a viver o amor do par protagonista. Sendo um romance histórico, os detalhes e descrições da guerra e de outros acontecimentos políticos não são poupados, e foi muito bom ver todo o enquadramento, principalmente quando é tão bem construído e detalhado. A pesquisa histórica está muito bem feita e pude realmente aprender algo. Adoro isso num bom livro.

Eu adorei a Tatiana, apesar da sua tenra idade, a personagem sofre uma evolução enorme ao longo do livro, a Tatiana das últimas páginas não é de todo a Tatiana no início deste livro. Ela é adorável, amiga, forte, inteligente (mesmo com 17 anos, consegue compreender bem as políticas do seu país, a guerra e o comunismo). Talvez a minha cena favorita é quando ela decide comprar um gelado, mesmo sabendo que a Rússia está prestes a ser bombardeada e que brevemente a sua vida irá mudar, mesmo sabendo que o futuro não é risonho, a esperança é sempre a última a morrer e até num clima de guerra, de fome e de miséria, há felicidade. Para Tatiana, aquele gelado era o seu último momento de felicidade genuína. E digamos que, se não fosse o gelado, não teria conhecido o amor da sua vida, o belo e gentil Alexander, um herói vindo da América e agora a lutar e representar a Rússia, o país que escolheu para ser o dele. Apanhado por um triângulo amoroso, irá sofrer pelo amor de Tatiana mas no fim tudo irá valer a pena.

Não é um romance bonito, como talvez algumas leitoras pensam, nem é uma história de amor destinada ao público feminino. É um livro forte que retrata um amor heróico, impossível de abalar. Um livro de qualidade que recomendo sem dúvida.

O final do livro deixa-nos com uma vontade imensa de pegar no segundo volume, a ser publicado brevemente (espero eu!) pela Asa.

Mafi

terça-feira, 23 de outubro de 2012

[Entrevista Nacional] - Carla M. Soares

Bom dia (ou boa tarde), caros seguidores :DD

Hoje deixo-vos uma entrevista que adorei fazer e que também estava guardada no baú há algum tempo! A entrevistada é nada mais, nada menos do que Carla M. Soares, autora de Alma Rebelde, A Grande Mão (ainda não foi publicado e é anterior ao primeiro), A Chama ao Vento (ainda em análise pela PE). 

Convido-vos também a visitarem o blogue da autora, MonsterBlues, aqui

Obrigada Carla pela simpatia e prontidão com que te disponibilizaste a ceder-nos esta entrevista!!

Ora leiam :D
Ivonne Zuzarte (aka Ray*)
Entrevista


O teu primeiro romance publicado foi um romance de Época. É um género que requer muitas horas de pesquisa e revisão. Porquê este género tão pouco visto em Portugal?
Na verdade, não há um motivo. Não pensei “agora apetece-me escrever um romance de Época”. Tudo começou com uma carta, uma das que Ester escreve à prima. Tinha lido algures um artigo que falava da comunicação e lembrei-me de que, noutros tempos, era com cartas que se comunicava e que levava imenso tempo. Escrevi uma dessas missivas, pensando no tom e na forma de pensar e redigir de outrora, e as personagens e a narrativa foi surgindo e desenvolveu-se naturalmente. Mudou muito conforme a fui escrevendo! Mas atenção, costumo sempre defender que o Alma Rebelde é, de facto, um romance de Época, ou seja, inserido numa época que não é a a contemporânea, mas não é um romance histórico. Há vários autores desse tipo de romance bastante conceituados e com qualidade na nossa praça. O Alma está integrado historicamente, espero que bem, mas o facto de assumir uma perspectiva intimista, de uma personagem com preocupações específicas, não convida a, por exemplo, um enquadamento político ou económico detalhado. Não foi a intenção. Claro que a contextualização exige pesquisa, e tentei ser cuidadosa na verificação dos factos, para evitar o erro, mas houve um pouco mais de flexibilidade. 

Disseste uma vez que a escrita surgiu na tua vida depois dos 30 anos, em que lias muita fantasia. Consegues explicar-nos como surgiu ou simplesmente aconteceu?
Não comecei tão cedo como outros autores, não. Em (muito) jovem escrevi uns poemas, uma ou outro conto de péssima qualidade, mas deixei de fazê-lo na faculdade e durante muito tempo não senti nenhuma predisposição para a escrita. Sempre li muito, claro. Li os clássicos e outros, portugueses e estrangeiros, e estudei literatura. Mas não escrevia, nem me apetecia escrever. A certa altura descobri a fantasia e li bastante do género, Tolkien, Marillier, Zimmer-Bradley, Ursula LeGuin, Anne Bishop, muitos outros. Surgiu-me uma ideia e pus mãos ao trabalho, curiosa para descobrir se conseguia seguir com ela até ao fim.  E levei. Tem umas 300 páginas, chama-se A Senhora do Rio e gosto muito dele. Desde então não sei passar sem escrever!

Terminaste A Grande Mão há pouco tempo e tens outro original, de título provisório A Chama ao Vento, a ser analisado pela PE. Tens mais algum trunfo na manga, para além dos que tens guardados, do qual nos possas falar um bocadinho?
Ao contrário, A Grande Mão é o mais antigo dos três livros, já tem uns cinco ou seis anos. Foi o segundo que escrevi. A PE não se interessou pelo género, muito diferente do Alma Rebelde (é aventura/fantasia), e portanto é meu para publicar como quiser. Ainda não sei se farei alguma coisa com ele, vai depender das opiniões. Não vou insistir se não tiver qualidade! A Chama ao Vento é um nome provisório, e não há garantia nenhuma de que a PE venha a publicá-lo, ou com esse título. Tenho outras coisas de fantasia / fantástico que nunca verão a luz do dia (aqui estou a rir-me de mim própria) a não ser nas casas dos amigos, e outras que um dia talvez sigam o caminho d’A Grande Mão. E estou a meio de outra história de época, no pós-Ultimato agitado e com uma crise tão grave como a actual, com uma jovem viscondessa muito diferente da Joana, um irmão republicano, um duque e um cavalheiro inglês. Vamos ver o que lhes sucede.

O teu blogue monster blues surgiu há mais de dois anos e meio. Pelo menos, o primeiro post data de 26 de Março de 2010, o qual terminas a dizer “Há mesmo é um monstro na imaginação.”. Como tiveste a ideia de iniciar um blogue?
Olha, não me lembrava dessa frase, mas gostava dela, se a lesse noutro lado! No início não tinha ideia nenhuma do que era ter um blogue, e nem me lembro porque decidi ter um. Escrevia umas coisas, sem nenhuma orientação específica. Entre Janeiro e Agosto de 2011 até esteve parado. Só no verão de 2011 é que me apercebi de que muitos blogues falavam sobre literatura, tinham seguidores, faziam passatempos, etc. Achei que, para quem lê tanto e escreve, era o caminho lógico e o que me agradava. Mas não tenho parcerias, nem passatempos - o único que fiz foi com o meu próprio livro, quando saiu - nem rúbricas especiais. Escrevo o que me apetece, opiniões, uns textos, de vez em quando um desbafo. É meu (estou a sorrir).

Com que vantagens e desvantagens te tens deparado por ter um blogue?
Há autores que têm blogues relacionados com os seus livros, mas o meu não é. Falo neles de vez em quando, coligi as opiniões que foram saindo nos blogues sobre o Alma, mas nem estão actualizadas. Talvez um ou outro leitor se tenha apercebido de que o livro existe através do blogue, não sei. Claro que agora utilizei-o para permitir a beta-reading d’A Grande Mão, mas não é um livro “publicado”. Enfim. Um blogue dá trabalho, mesmo sem parcerias, mas muito prazer também. Organizo as minhas ideias quanto aos livros, sou obrigada a reflectir nas razões porque gosto ou não deles, e a usar com cuidado as palavras quando não gosto - embora não passem de opiniões - porque acho que todo o esforço de escrita merece respeito. Opinar tem um reverso: por vezes dou por mim a ler e a pensar no que direi, o que por vezes rouba um pouco da alegria de simplesmente ler. 

És professora e estás a fazer o doutoramento no Instituto de História da Arte. De que forma organizas o teu tempo para conseguires conciliar as aulas e tudo o que isso acarreta, a leitura, a escrita, ter tempo para a família e, de igual forma, para ti própria?
Sempre achei que as minhas horas se multiplicavam conforme precisava delas. Até aqui, cheguei a tudo, e nunca me senti excessivamente sobrecarregada. Uma verdadeira super-mulher, eheheh! Este ano, pela primeira vez, tenho dúvidas sérias de que consiga esticá-las o suficiente, vai ser preciso um milagre. O que vai ficar a perder? Provavelmente aquilo que me exige uma concentração maior durante horas seguidas, o doutoramento. Consegui concluir com sucesso os dois anos de curriculares, são dez seminários com os respectivos ensaios, mas como optei por sair da box - sou de Letras - o trabalho avança mais devagar. Com nove turmas e tudo o mais que faz parte da minha vida e é importante, não estou certa de me sobrar o necessário para escrever uma tese adequada sobre o fantástico na pintura portuguesa contemporânea. Acaba-se a super-mulher, começa a super-dor-de-cabeça.

Tens alguma rotina de escrita (e reescrita) da qual nos possas falar?
Com tanto trabalho, é difícil manter uma rotina. Tento escrever um pouco todos os dias, mas com frequência o tempo que tenho reduz-se a algumas horas aos fins de semana, de manhã. Escrevo muito melhor sozinha com o meu netbook numa mesa de café, produzo muito assim. Em geral tenho uma ideia da história, que não é rígida e muitas vezes acaba mesmo por alterar-se conforme as personagens “crescem” e ganham densidade. Por vezes dou por mim a pensar que a minha personagem jamais faria certa coisa que tinha planeada para ela, ou que faz muito mais sentido que a narrativa siga um caminho diferente. E sigo-o, vou atrás das personagens. Costumo escrever, escrever, e depois revejo. Por vezes paro e estou algum tempo só a rever e a reescrever, antes de continuar. Reescrevo muito. Corto partes, mudo diálogos, introduzo novos capítulos pelo meio, se fizerem falta à intriga ou às personagens... é um processo muito flexível.

Consegues descrever-nos o apoio que recebeste da editora, da família, dos teus alunos, dos amigos/colegas…?
Esta é fácil: tive muito apoio de todo o lado. Os alunos, em particular, foram muito expontâneos e, a partir do momento em que souberam que ia publicar um livro, de quando em quando faziam perguntas, queriam saber. Tive uma turma de 9º ano, minha há três anos, que desatou a aplaudir no corredor no dia em que o livro saiu... foi embaraçoso mas muito recompensador. E tive vários alunos no lançamento, o que me deixou muito contente. Claro que a família ficou orgulhosa, em especial... adivinhem, pois claro, a minha mãe! Tanto faz que tenhas 4 anos como 40, mãe é mãe. Mas o meu marido e filhos também me mimaram muito. A editora portou-se sempre bem, o processo foi longo mas a comunicação a melhor possível, as respostas aos emails quase imediatas, encontramo-nos algumas vezes, e tentaram, creio, colocar o livro o  melhor possível. Promover um livro de uma desconhecida não é fácil, mas obtiveram boa exposição nas livrarias e algumas pequenas entrevistas na rádio... O mais dificil tem sido esperar pelas opiniões sobre o livro, e os altos e baixos, e as dúvidas sobre o trabalho que se fez e se virá a ter outro.

Com a vida agitada que tens tido ultimamente, consegues falar-nos de um episódio engraçado ou especialmente gratificante que tenha ocorrido que envolva Alma Rebelde?
Sabem o que se costuma dizer acerca dos casamentos, que “boda molhada é boda abençoada”? Pois é. O lançamento foi planeado para o dia 25 de Abril, uma data adequadíssima para alguma rebelião, na Feira do Livro, AO AR LIVRE... e não é que depois de tanto tanto planeamento para que tudo corresse o melhor possível, chovia a cântaros? Não falo de uma chovinha molha-parvos, era um verdadeiro dilúvio bíblico! Mesmo assim, foi preciso reorganizar a tenda para abrigar quem compareceu, e não coube toda a gente debaixo dela! Tiveram que arrastar os chapéus de sol e havia gente de guarda chuva, todos molhados como pintos. Até havia um funcionário da PE a levantar uma parte da tenda de vez em quando, para escorrer a água e evitar que caísse tudo na cabeça dos convidados. Ao mesmo tempo foi gratificante, porque a maior parte das pessoas não deixou de aparecer!

Para terminar, Carla, queres deixar uma mensagem para os leitores e aspirantes a leitores?
Que leiam. Leiam de tudo, aquilo de que mais gostam e coisas fora da sua zona de conforto, clássicos, romances de cordel, leituras simples, complexas, BD, revistas, jornais. Ler exercita o cérebro, mantém-nos vivos e faz-nos mais inteligentes. Que formem e valorizem as suas opiniões pessoais sobre os livros, mas principalmente que tirem da leitura muito prazer! Muito obrigada pela tua entrevista, boa sorte para o blogue e boas leituras!

Obrigada nós, Carla! 
Boa sorte com os dois originais que já tens prontos para publicar. Boa sorte com o doutoramento. Boa sorte com o Blogue e com a vida de "super-mulher" :D


***

Nota: A capa de A Grande Mão não é a definitiva. Até ao momento, foram disponibilizadas 3 pela autora, aqui e aqui.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

[Palavra de Leitor] Henry & June, de Anais Nin, por Ana Ferreira [autora do Blog Illusionary Pleasure]

 

O dia em que li Henry & June de Anaïs Nin

Ana Ferreira: Illusionary Pleasure
 

Estava no primeiro ano de faculdade quando a minha querida amiga Ana Lúcia Sousa me falou de Henry Miller. Nunca tinha lido erótica na vida e, a meu ver, era bastante púdica em relação a ler erotismo. Ao ler uma passagem mais gráfica sentia as bochechas a ficarem vermelhas e arregalar os olhos. Mas a minha amiga continuava “Tens de ler Miller! A maneira como ele diz “cona”, ele não é badalhoco. Ou melhor é... mas entendes, não te sentes ofendida. É poético.” Não sabia onde tal palavra poderia encaixar em algo poético. Sei que demorei pelo menos mais dois anos até conseguir pegar em livros eróticos, talvez por pudor, ou por estereótipo. Só este ano consegui pegar em Nin, tendo já lido Henry Miller, o Decameron, Fanny Hill ou Maria Teresa Horta. Só este ano consegui pegar no livro de Nin “Henry & June” da Editorial Presença, no qual destaco a tradução. O tradutor poderia ter arruinado o livro. Sim é muito fácil arruinar um livro erótico com uma tradução, mas não. A tradução está tal e qual perfeita, que se Nin falasse e escrevesse português teria certamente aprovado.

É-me impossível falar deste livro sem ter um desejo profundo de o reler e querer escrever. Nin inspira-me a escrever o que nunca pensei vir a querer colocar num papel. “Henry & June” é escrito com verdadeira alma, qualquer livro erótico que não é escrito à flor da pele, com as imagens a passar na cabeça, não consegue transmitir ao leitor o desejo das personagens. Provavelmente este é o melhor diário que alguma vez lerei. A prosa de Nin não é complicada. Não são precisas flores para descrever o quanto Nin queria beijar e possuir June, ou então o quanto ela amava Miller, ou a felicidade que é estar casada com Hugh. Nin foi de facto uma mulher de rara sensibilidade, com tacto para as palavras certas e um coração grande demais para amar só um homem. Por entre divagações filosóficas, incertezas sobre os seus sentimentos ou sobre o rumo da sua vida, Nin dá a mão ao leitor para que este a acompanhe a partilhar tudo o que escreve. As palavras de Nin vão directamente para o coração do leitor. Como ela fez isso? Não sei.

Muito sinceramente não há elogios suficientes para este livro. O ano passado não consegui escrever uma crítica para o livro da autora Ursula Le Guin “A mão esquerda das Trevas”. Qualquer palavra referente ao livro que não fosse “perfeito” parecia-me escusada e grosseira. Com este acontece o mesmo. Tremo só de pensar que um dia vou voltar a ler Nin e a ver os meus demónios outra vez abertos. Sim, também eu quero escrever sobre aquela mulher que quis beijar e nunca tive coragem. Quero beijá-la no papel. Tenho inveja da Nin! Ao mesmo tempo sei que a autora criou na sua vida tantas mentiras que precisava de as escrever para não se esquecer delas.

É-me impossível de todo escrever uma crítica objectiva sobre Nin. Depois da leitura do livro a minha escrita não será a mesma, a minha vida não será a mesma. Pensarei sempre na forma como Nin escolhia as palavras sem se aperceber, na forma como ela conseguia amar e dar o seu coração a diversas pessoas. Talvez muitas pessoas não irão conseguir ler o livro até ao fim. Talvez nem sequer entendam muito bem a obsessão que Nin se tornou na minha escrita ou, quiçá dirão que a autora era uma “puta” que traía o marido. Encaro a Nin como uma pessoa honesta para si própria. Não podemos pensar que a maioria dos modelos dos livros eróticos de hoje em dia que visam uma mulher aborrecida que se apaixona por um homem lindo e é correspondida, são verdade. Nin precisava do amor de um homem mais velho. Miller foi esse homem. Amaram-se, fizeram sexo. Não era preciso serem bonitos ou ricos, Miller era charmoso e inteligente, Nin era a correspondente literária de Miller, a mulher que conseguia compreende-lo e ajudá-lo na sua escrita. Talvez precisemos de vez em quando de deixar o mundo imaginário perfeito, onde todos somos correspondidos, para descer à realidade. A relação de Miller com Nin foi conflituosa, a sua relação com June cheia de incertezas, mas a vida é assim. Um diário retrata as experiências da vida real e, como todos sabem na realidade não há espaço para contos de fadas ou, muitas vezes finais felizes.


NOTA FINAL: Anaïs Nin engravidou mais tarde de Miller, segundo ela. Nin sofreu um aborto aos 6 meses. Eventualmente a sua relação com Miller terminou e mais tarde com Hugh. Nin ajudou Miller durante este período com o seu livro “Trópico de Câncer”.
NOTA DA REDACÇÃO DO BLOG OS LIVROS NOSSOS:
  A nossa leitora convidada de Hoje - Ana Ferreira  - é autora e Administradora do blogue Literário Illusionary Pleasure, que desde já vos convidamos a vir conhecer. Crítica Literária, Licenciada em Línguas (Alemão e Inglês), está a concluir o Mestrado na área de  Ensino Básico e Secundário.
   A escrita e a leitura são duas enormes paixões, e além de blogger é ainda responsável pela revista Nanozine.