segunda-feira, 11 de julho de 2016

[Renda & Saltos Altos] "Prazer Absoluto", de Cheryl Holt [Quinta Essência]


Ficha Técnica:


Título: Prazer Absoluto


Autora: Cheryl Holt


Edição: 19 de Julho de 2016


Editora: Quinta Essência [Grupo LeYa]


Nº de Páginas: 400


Classificação atribuída no GoodReads: 5/5 estrelas


Género: Romance histórico sensual/erótico


Saiba mais detalhes sobre a obra AQUI


Crítica por Isabel Alexandra Almeida para o blog Os Livros Nossos:


Prazer Absoluto de Cheryl Holt é um romance com cenário no período histórico da Regência Inglesa, decorrendo a acção em Londres, no ano de 1812. Podemos integrar esta obra num género que, a nosso ver, já conquistou em definitivo o público leitor quer além fronteiras (de onde é originário) quer já em Portugal, e que poderemos apelidar de "Romance de Regência", e no âmbito deste género encontramos algumas especificidades e fórmulas de escrita que conseguem ser identificadas pelas leitoras e fãs assíduas do género (entre as quais nos encontramos de forma assumida).

Desta feita, e como é habitual no estilo e registos de escrita habitual desta autora, encontramos um romance histórico ( ou de época, se quisermos ser puristas, visto contextualizar aspectos importantes do ambiente social próprio da alta sociedade da Inglaterra do século XIX) com marcado pendor sensual ou erótico. Pela leitura das cenas de teor sexual entre os protagonistas da narrativa verificamos que não é por acaso que a autora é considerada "a rainha do romance sensual", sendo as mesmas bastante intensas, emotivas e plenas de sentido de crescente intimidade e descoberta mútua, onde não falta a componente emotiva a complementar o aspecto físico.

Quanto às personagens, estas podem ser consideradas tipo, dentro deste género de romance, na medida em que apresentam características que representam as classes sociais a que pertencem, e o cumprimento ou incumprimento dos apertados códigos do "social e moralmente correcto" do contexto histórico e espaço social onde se movem. 

Lady Elizabeth Harcourt  é aristocrata, filha do rígido e impiedoso Conde de Norwich, tem 27 anos (sendo portanto séria candidata a solteirona, com uma idade já então considerada avançada para não haver contraído casamento), e vem dedicando a sua vida à gestão doméstica da casa paterna, desde o falecimento da mãe. Elizabeth anulou-se como pessoa dedicando a sua existência à casa e ao apoio ao pai (um nobre com assento na Câmara dos Lordes, com prática política activa, e que nunca se preocupou em valorizar a filha, antes minando a sua auto-estima como forma de manipulação e domínio da sua pessoa). 

Todavia, desejando desesperadamente transmitir o título, Norwich casa com uma jovem de 17 anos - a insuportável, caprichosa, maldosa e, afinal, infeliz Charlotte. Imatura e sem conseguir assumir correctamente as responsabilidades que passam a caber-lhe enquanto Condessa, Charlotte irá fazer uma gestão desastrosa da mansão, dos criados (que são maltratados física e psicologicamente pela patroa) hostilizando ostensivamente a enteada Elizabeth (que encara como obstáculo ao poder que julga ter) bem como a governanta Mary, cuja família sempre serviu a casa de Norwich, tal como ela própria.

Gabriel Cristofore é descendente de nobres, mas o pai John é um aristocrata caído em desgraça e deserdado pela sua família, sendo Cristofore resultado de uma relação ilícita do pai com Serena, uma aristocrata Italiana que acabou tragicamente.

Cristofore é um homem atraente, sensual e extremamente dotado para a pintura. É um libertino, sedutor e oportunista, não hesitando em conquistar damas solitárias ou infelizes, a pretexto de serem retratadas em quadros, retirando destes relacionamentos contratuais e amorosos os proventos necessários ao seu sustento e do seu elegante pai, que por sua vez, se assume em público como secretário do filho, organizando os contratos com as clientes.

Numa noite de ópera Elizabeth conhece o sedutor, experiente  e astucioso Gabriel, e ambos irão envolver-se numa relação de cliente/pintor, tornando-se amantes, embora tenham noção de que a sua é uma relação destinada a ter um fim relativamente breve, pois nunca seria aceite pelo Conde de Norwich e pela sociedade em geral, já que acabam por pertencer a mundos totalmente diferentes.

Enquanto Gabriel começa a questionar-se sobre até onde vai o seu envolvimento e a sua obsessão para com a bela Lady Elizabeth, que inicia nas artes amorosas, o escândalo ameaça a reputação da jovem, e em breve podem ambos percorrer um caminho sem retorno em direcção à perdição.

Elizabeth arrisca tudo na sua relação com Gabriel, pois sente-se desejada, apreciada como mulher, e o que é pisar terreno pantanoso acaba por ser também para a jovem libertador. Descobre em si mesma uma mulher bela, sedutora, atrevida, que aprende a viver a sua sexualidade  sem barreiras, ao mesmo tempo que, mesmo sem querer, vai-se apaixonando por Cristofore.

No romance é muito interessante o detalhe de a arte surgir como forma de sublimação e expressão de instintos básicos, nomeadamente, ao nível da sexualidade. É ao posar para um quadro que Elizabeth faz a sua aprendizagem do amor físico, e é pela arte que Gabriel descobre em si emoções que pensava estarem fora do seu alcance.

Ambos irão lutar consigo mesmos, descobrindo em si algo que desconheciam existir, traçando-se um completo retrato psicológico e social dos protagonistas. E seremos ainda brindados com um belíssimo romance com alguns segredos, numa intriga secundária que confere à obra alguma complexidade que muito a enriquece.

Uma história bela, sensual, vibrante com alguns momentos de tensão dramática, e personagens que nos apaixonam pelas suas imperfeições e que são, afinal, humanas na sua essência. Este livro é, também, erotismo em estado puro, e entra para a nossa galeria de preferidos.


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